terça-feira, 16 de março de 2010

Descobri o amor!



Poxa, hj que percebi cm abandonei esse espaço no final da gestação. Talvez pela quantidade de tarefas num primeiro momento e pela falta delas num segundo (deu preguiça de td mesmo!), mas "nunca é tarde pra recomeçar" né? Nossa! Que frasesinha mais clichê! Logo eu usando clichês? Pois é, mas descobri que muitos clichês são tão reais e tão carregados de sentimentos profundos que decidi não me abster deles e viver intensamente cada um.

"Ser mãe é padecer no paraíso", "Quando vc vê o rostinho td a dor passa", "Ter filho é a melhor coisa do mundo", "Você nunca sentiu nada igual"... E tds as demais frases que usam pra descrever a maternidade são pouco pra passar o real sentido desse momento, dessa fase da vida, desse mundo novo que se abre. Mas antes que eu realmente "esqueça" a dor e td o processo de chegada da Sofia (confesso que ainda lembro dos detalhes), vou deixar aqui registrado pra mim, pra ela, pra quem quiser ler e pra posteridade. Hehehe

RELATO DE PARTO
>> Domingo, 9h acordo com uma "dor" diferente associado às contrações que já sentia desde uns 6 meses de gravidez. Essas contrações são normais, irregulares e não doem "de verdade", mas naquela manhã tinha um quê de "cólica forte" junto com elas. Lembrei do que as amigas-mães me falaram sobre a diferença das dores e disse na hora "Bom dia amor! Hoje a Sofia nasce!"

>> Desde o começo da gravidez li, me informei e conversei muuuuito com amigas que já passaram por isso. Decidi que queria parto normal, embora não fosse "obstinada" pela idéia. Sabia das vantagens desse tipo de parto pra mãe e PRINCIPALMENTE pro bebê, então optei por ele mesmo sabendo que se na "hora H" não fosse a melhor escolha, eu abriria mão. Então conforme lido e estudado, sabia que quando chegassem as contrações o ideal não era ficar numa cama curtindo as dores, pelo contrário, tinham algumas "tecnicas" pra estimular o trabalho de parto. Jones sabia de td isso e me apoiou o tempo todo, então lá fui eu viver o domingo que tinha planejado. Até ali eu já sabia que era o último sem filhos em casa então fiz td o que eu queria naquele final de semana.

>> Fomos visitar a casa onde vamos morar e eu aproveitei pra subir e descer as escadas o quanto pude. Sentar, levantar e agachar... enfim.

>> De lá seguimos pro shopping. Almoçar MacDonalds e ir pro cinema com um Milkshake grande de Ovomaltine. Um dos meus programas de domingo favoritos e a despedida das calorias exageradas e da lactose, td em nome da boa amamentação da Sofia. Então nesse dia, eu sabia que era o último estrapolei. Antes de entrar no cinema as contrações estavam vindo de 15 em 15 minutos e quando fui ao banheiro percebi que tinha "caído" o famoso tampão mucoso que alerta pra mãe perceber que está perto da chegada do baby.

>> Durante as 2h de filme as contrações entraram num intervalo de 13 em 13 minutos, mas meio irregulares...

>> Do shopping direto pra Igreja. No caminho liguei pra minha obstetra só pra avisar que estava com contrações. Nesse momento elas já estavam de 10 em 10 minutos

>> Igreja, lugar seguro, família da fé, amigos e irmãos amados. Queria curtir isso pq sabia que pra sair de casa com Sofia só dps de um mês e era o primeiro domingo da série de cultos sobre família. Sugestivo não?! Gosto dessas simbologias que minha filha teve no processo de sua chegada ao mundo.

NOTA.: Engraçado que quem me via no culto perguntava: "E essa menina? Quando nasce?" ao que eu respondia: "Hoje! Acho que dps daqui!" As reações eram algo entre me achar doida ou não dar mt credibilidade ao que eu estava falando. Isso se deve aos mitos que rondam o parto, principalmente o parto normal, algo que eu considero um prejuízo e o que acentua nossos índices de país com maior número de cesárea no mundo. Perdas pro bebê, pra mãe, pra amamentacão e gastos pra precária saúde pública. Mas não quero polemizar sobre isso mais. Vamos em frente.

>>Ao final do culto as contrações vinham de 6 em 6 minutos. Encontrei a Samira, minha xará, que me deu dicas de respiração antes e no momento exato do parto e isso foi providencia de Deus, tenho certeza, pq em tds minhas leituras não tinha me aprofundado muito sobre os exercícios de respiração e eles fizeram toda diferença na "hora H".

>> Como de costume saímos pra uma pizza com os amigos no domingo a noite. Na verdade pra esfirraria. Lá resolvi botar em prática a última dica que sabia pra estimular o parto: comer comida apimentada! Pedi esfirra de peperoni e não deu outra: contrações mais fortes de 5 em 5 minutos regularíssimas! Era hora de me preparar pra ir ao hospital. Dps de algumas fotos finais mesmo do "bucho" com os amigos, viemos pra casa.

>> Banho - cotração - escova os dentes - contração - coloca a roupa - contração - vai Twittar que está indo pro hospital - contraçãããão fooooorte! Não consegui twittar e fui embora! Já estava nas últimas e quando saímos de casa, bem como a caminho do hospital elas já vinham de 3 em 3 minutos! Ótimo! Mesmo com td a dor era o que eu queria, pq quem sabe com contrações tão pertinho minha dilatação do colo uterino já estaria mais adiantada e eu não teria que fazer cm tantas mulheres em trabalho de parto normal: voltar pra casa e esperar que a dilatação desenvolva.

>> Não deu outra! Chegamos, minha médica já estava me esperando, entre uma dor e outra ela mediu a dilatação com o famigerado "exame de toque" e constatou: 4cm em repouso e 6 cm durante a contração. Confirmado: estava em pleno trabalho de parto e já ficaria internada.

NOTA: se o que dizem sobre exame de toque é verdade eu não sei, pq a dor da contração era tão grande que eu nem sentia mais nada!

>> Vesti aquelas batas horrorosas e fui pra sala de pré-parto esperar a dilatação evoluir. esse momento foi pra mim o mais difícil. Fiquei sozinha. Dos 8 leitos só tinha o meu ocupado. As enfermeiras ficam de papo numa outra salinha e a essa altura do campeonato minha médica estava em outra sala conctando sua equipe. Nessa fase eu já não conseguia ficar caladinha na hora que vinham as contrações, foi a primeira vez que gemi de dor, falsa esperaça de passar...

>> Lá vem a médica conversar comigo! Aí eu que já tinha lido um monte e combinado com ela perguntei pelo anestesista. Pra quem não sabe, existe parto normal "sem dor". Vc sente essas contrações tds, mas qd a dilatação tá evoluindo, vc toma uma anestesia peridural e para de sentir essas dores. É aí que ela me fala que dos 10 anestesistas que podem compor equipe com ela, NENHUM atendeu o telefone! Já sem forças clamei pelo plantonista do hospital, ao que ela confessa: "não confio nele!"

>> Pronto! Nessa hora eu me "desesperei", chorei e me pus a orar. Lembrei de Jesus, lembrei do Getsemani, lembrei q Ele também estava sozinho no momento de maior aflição e dor física, que tinha sido bem maior que a minha e que Ele estava comigo naquele momento. Sem marido, mãe o médicos por perto, corri pros braços de Jesus. Não diminuiu minha dor não. Hoje eu entendo que teria que senti-las, que Deus escolheu que Sofia viesse ao mundo da forma que veio e que Ele tem seus propósitos com isso. Alguns desses propósitos eu nunca entenda ou descubra, mas sei que Ele tem.

>> Confesso que quando soube que seria sem anestesia quis desistir de parto normal, mas não tinha muita alternativa. Me concentrei mais ainda no processo e nessa hora a equipe que estava auxiliando minha médica começou a atuar mais intensamente, o que fez td diferença dalí pra frente.

>> Dps de mais contrações e exercícios de respiração, mais um exame e pronto: dilatação de 10cm! Vamos pra sala de parto! Quanto tempo durou td essa agonia eu não sei, só sei que das 6 à 12 horas que normalmente envolvem um parto normal, eu cheguei no hospital às 11h40 e Sofia nasceu 2h dps. Louvo à Deus por ter acelerado o processo. Um milagre!

>> Sala de parto, Jones chega, pergunta se eu ia fazer assim mesmo (tínhamos combinado que se eu dissesse que não suportaria ele agilizaria pra eu ter um parto cesáreo.) e eu respondi que sim já colocando força (pq a gestante tem que colocar força quando vem a contração). Tadinho, mal sabia que eu não tinha escolha e que teria que ser daquele jeito mesmo.

>> Ocitocina na veia pra acelerar - uma enfermeira pressionando minha barriga - a médica dando instruções pra eu colocar força - contração - foooooorça! Não sei quantas vezes essa sucessão de coisas aconteceu, na minha lembrança foram umas 12 vezes, sei lá... Pra mim foi uma eternidade, mas naquele momento eu só pensava na minha filha!

>> Dps de alguns ciclos repetidos escuto: tá chegando Samira! e... Um choro! pronto! ela tá bem, viva, pulmões agora em pleno funcionamento. Primeiros cuidados com a babê, papai filmando td, "parto da placenta" que tem que sair dps, procedimentos de deixar "tudo nos conformes com a àrea de lazer", quarto, Sofia num berçinho do meu lado, a maior alegria do mundo e a pergunta: "Ok, estudei td até esse momento. E agora?!"

E o "e agora?" me segue tds os dias desde o dia 08 de março. Se ela chora, "e agora?". Se ela dorme "e agora?" Se ela mexe parecendo sentir dor, ou está limpinha e ainda assim resmunga, e tantas outras aventuras... E agora?!

Não sei metade das respostas. Estou aprendendo. Aliás, ESTAMOS aprendendo. Eu a ser A mãe da Sofia. Ela a ser A minha filha. E esse é um "aprendizado pra vida toda" mais um clichê pra duas mulheres que no dia 08 de março passaram por momentos tão marcantes: do nascimento à plenitude de ser mulher que é se tornar mãe. Sugestivo não?




P.s.: O papai Jones tb tem um espaço pra falar das suas peripércias, vale acessar: www.paizando.blogspot.com